sábado, 3 de setembro de 2011

Acúmulo

Joguei fora as esperanças, os retraços, o que insistia em guardar na geladeira, num depósito plástico vedado para depois. Aquilo que se acha um dia ter serventia, de novo saborear.
Mera ilusão. Fica lá, cria um verdume por cima, azeda, fossiliza, se contrai no esquecimento, se deforma.
Não quer assumir sua inutilidade, se debate na recusa de não ser nada, ser pouco, algo que foi, podia continuar sendo, ser muito, demais da conta, mas que não tinha de ser.
Resta raspar. Desapegar. Reconhecer.
Lavar o recipiente. Sabão à vontade. Tirar o cheiro, os vestígios. Pôr para escorrer. E esquecer. Se puder.
Não são, nunca serão, simples mata-fomes, por mais que eu queria me convencer, que queiram se convencer também.
Mas o apetite pode reduzir, direcionar, se satisfazer mais adiante.

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