terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ínfimo

Sou resultado mínimo de você. Não sou culpa tua. Sou mais dos outros.
De quem passou, arranhou e largou. Bateu e doeu na vera.
Mesmo as dores lá longe, antes imaturas, dispersas, transformadas uma a uma em foco, em algo útil.
Você não. Diluiu. Não se dê tamanha importância.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Alpha 32

Nada pior que a aridez da dúvida. A ansiedade choraminga, encolhida, desamparada, inconsolável, por respostas.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

Acúmulo

Joguei fora as esperanças, os retraços, o que insistia em guardar na geladeira, num depósito plástico vedado para depois. Aquilo que se acha um dia ter serventia, de novo saborear.
Mera ilusão. Fica lá, cria um verdume por cima, azeda, fossiliza, se contrai no esquecimento, se deforma.
Não quer assumir sua inutilidade, se debate na recusa de não ser nada, ser pouco, algo que foi, podia continuar sendo, ser muito, demais da conta, mas que não tinha de ser.
Resta raspar. Desapegar. Reconhecer.
Lavar o recipiente. Sabão à vontade. Tirar o cheiro, os vestígios. Pôr para escorrer. E esquecer. Se puder.
Não são, nunca serão, simples mata-fomes, por mais que eu queria me convencer, que queiram se convencer também.
Mas o apetite pode reduzir, direcionar, se satisfazer mais adiante.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Alpha 29

Ser hipócrita em algo tão natural como sexualidade é um indício de que se é artificial em tudo mais.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Para mirar, nada mais

Tem aquele sentimento que você deixa do jeito que está, não mexe, não põe em uso, para não desgastar, perder o tom. E leva para toda vida, olhando de vez em quando, como álbum de figurinhas completo. É para ser brando. É privilégio.

O preço

Desvios, meias verdades, desistências, meias-voltas.
Não fossem eles, seríamos mais sinceros, mais vividos, mas muito, muitos mais esfolados, quem sabe, tão fraturados, inválidos, altamente desabilitados a viver.

sábado, 13 de agosto de 2011

Inflamar

O fogo dos incêndios / o fogo dos altares, o incontrolável / o direcionado, a sedução da voracidade / o conforto da contemplação. Me diga como. Como?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Alpha 28

Preconceito é o argumento ilusório de quem quer parecer superior no arrogante jogo competitivo da espécie humana.

Alpha 27

O ser humano vive em sociedade de teimoso. Devíamos ser como os leopardos: cada um na sua árvore, sem nunca incomodar o outro.

Todo menino é um rei

Menino querendo um brinquedo que não pode ter. Só imagina como seria, arma tudo na mente, o passo a passo, a convivência, as traquinagens.
Melhor porque o brinquedo não quebra, sempre inteiro, sem nunca riscar, desiludir. Nunca veio, mas nunca se vai.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dúbios

A dúvida é que mata, esta entidade sem alma. Corrói, incomoda. Pura azia. Se houvesse a certeza, uma visão clara do outro lado.
Mas um muro se ergueu. Tijolo de lá e tijolo de cá.
Cada qual cerceando.
Imbecis ou sábios?
Dúbio interpretar. Covarde descobrir.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Alpha 26

Se tem algo que eu acho sinceramente bonito é a ingenuidade. Ela traz aquela arrogância rebelde para a força de luta, do achar que sabe tudo, que está com a razão, que a experiência, esta desalmada, apagou a tapas.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Alguém aí?

Não se manifesta. Nada de recado. Nada de sinais.
Ansiedade arranha. É impertinente. Nada alivia.
Coça. Picada de inseto. Daquela nas costas. Sem alcançar, sem resolver.
Um "oi" ao menos. Um "tá na boa?" Mesmo que por piedade.
Não se maltrata assim quem tem tanto para te dar, quem te elegeu sem ser no espontâneo. Quem, por um motivo desconhecido, se jogou ao teu olhar esperando retorno.
Não foi pedido, não foi eleito, se pudesse nem vinha. Mas veio.
Há algo aí? Dá para sentir que há. Então, que a indiferença acabe.
Um sinal. É o único pedido.

domingo, 10 de julho de 2011

Estou aqui de novo

Acho que me livrei. Acho que minha arrogância é suficiente. Quem minha pseudovontade de revidar resolve.
Nada. Nunca.
Ainda está aqui. Não sei se mais forte, se mais fraco, se o que sempre foi e sempre será.
Mas está.
Dando na minha cara, me chamando de tolo, na maior gargalhada.
Não precisa muito para a chacota começar. Basta um sinal, um lampejo, um deixa eu falar, uma desconfiança de que foi comigo.
Volta tudo. O que achava estar apagado... estar abafado... desligado ao menos... Não está.
Resta-me engolir a empáfia protetora, até inocente, e reconhecer.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Resuma-se e recolha-se

Acha que houve. Acha que causou algum distúrbio. Que foi importante. Significativo.
Nada.
Tudo preenchimento. Tua carência.
Toma. Martelada. Na cabeça.
Carência sua. Distúrbio seu.
O ao redor nem compreende e se compreende esquecerá rápido.

domingo, 3 de julho de 2011

Precipitação

Você que acreditou, que achou ser contigo, que tinha tudo a ver, que os sinais eram claros, deixados de propósito. Nada. Ilusão.
Raciocinou como sendo seu, quando não era.
Gabou-se, quando não era.
Queria que fosse, quando não era.
Precipitou-se, quando não era.
Lamentou-se, por não ser.
Enganam. Se fazem passar, culpados ou inocentes. Mas se fazem. Dissimulam, conscientes ou alienados.
Deletar. Deixar de lado. Outra direção.
Pode ser. Mas, se não for,

Alpha 25

O esnobismo é uma sensação que aproxima undergrounds e elitistas. Cada um destilando empáfia e sentindo mau cheiro de acordo com suas convicções.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ímãs contidos

Anestesia não precisa vir de química estrangeira ao corpo. Aqui dentro tem. Aqui dentro desenvolve. Basta forçar. A adrenalina briga, é valente, bélica, imperialista.
Mas não invencível.
E a anestesia é paciente, vagarosa, da preguiça. Vai aos poucos, maliciosa, convencendo, enredando, no cafuné, no alisado.
Dissimulada a anestesia. Joga para ela, sabe iludir.
Adrenalina é de vigor aplacável, como todo vigor é. Amacia a cada paulada da realidade.
Pauladas que não custam a vir, que já vieram, de memória explosiva, que produzem a anestesia.
E se tem não a acomodação, mais o conforto, a segurança, a suavidade do que se tem em volta.
Incômodo só quando vibra a telepatia, ordens mentais, ímãs de explicação sensorial.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Recuar agora

Mas logo agora...
Logo quando estava tomando coragem, quando a névoa gelada, daquele frio de manter estacionado, que virou de chumbo, seca, pesada e sufocante, tóxica, estava virando vapor e mornando aconchegante, se desfazendo, dando para visualizar.
Logo quando dissipava. O pavor passou a medo, que passou a receio, que arrefeceu o ultimato do vou nada, que amenizou para um talvez, para finalmente ser eu posso, até que dá, vou, vamos lá.
Logo quando as noites em angústia passaram só a ansiedade, quando a palpitação vinha a cada sinal de presença, de reencontro, e tudo girava em volta de um será que vem? Que o alívio e a tensão se confundiam, misturando-se sem se deixar reconhecerem-se mais, em um Eita! Chegou!
Logo agora...
Por que agora não mais? Por que agora parece que a névoa gelada está aí?
Deve ser o chumbo, que envenenou, que matou, que deixou sequelas, que não mais vai deixar o organismo.
Vai tudo retroceder, vai tudo se infectar, inflamar, doer só de olhar. De novo.
De novo para o velho, para os anticorpos, a autodefesa. Bem longe do agora.

Adiamentos

Riso, mesmo que tolo, que forçado, abafa, adia, cria a esperança de que não tem mais, se foi, que reduziu, que dá para passar.
Só remarcando.

sábado, 25 de junho de 2011

Alisando acalma

Tem aquela tira de tempo em que tudo o que já se carrega e sobra é maior que o espaço a preencher. Lembranças e projeções.
Nada de vazio sufocante, nada de buraco incômodo. Balela de quem não teve nada. Quem teve sabe como seria, planeja, cria, mentaliza perfeito e desiste, por falta de querer forte, por covardia, por desânimo, por enfado. Nunca por carência.
Tapa direitinho. Nova tecnologia que descobre os que sabem improvisar, que não querem ceder aos estímulos, aos ultimatos alheios. Os que avistam os desesperados por mais e mais, por outro e outro, se debatendo para se mostrarem vivos.
Na verdade, a angústia em frente não é por eles, é pelos os que estão no entorno. Para satisfazê-los, despertar-lhes admiração, sanar expectativas.
Os acalmados não devem satisfação. Precisam apenas recordar, imaginar. É desespero contido, acariciado. Mas tudo é desesperado mesmo. Lá e cá.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Medidas matemáticas

Não tente preencher o lugar do amor com a empáfia. Você não vai conseguir.
É desproporcional. Enfiar um grão de arroz no lugar de cifão de piscina.
Um olho saudável percebe. Um doentio, tapado pelo orgulho, pela satisfação a ser dada aos outros, pela fantasia do que é ser completo, do que é ideal, vai, claro, medir errado.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Que trapaça!

Como é que pode? Olha a cara. Olha você. Olha.
Como é que pode? Juízo perdido? Falta do que fazer? Só para contrariar?
Não é possível. Deve ser para matar o tempo, para dar um tempero, trapacear a falta, o que se esvaiu, que se quer de novo, de novo.
Leseira. Carência que se esconde, que se quer manter oculta, que não se sabe, não se resolve, não se devia, devia sim, que era para estar em lugar morno, ininteligível, inalcançável.
Mas teima, joga não para os outros, não tem obediência, só joga para ela própria, egocentria nada domesticável, ensaboada. Teimosia inchicoteável, fugitiva.
Como é que pode? Responda. Arrisque.

sábado, 11 de junho de 2011

Alpha 24

O socialismo é bonito em teoria. Só esqueceu a vaidade, o egoísmo, a ganância e a arrogância. Ou seja, não foi feito para os humanos.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Alpha 23

Hesitar no dizer, aquela tensão do intervalo: claros sinais de que não está saindo tudo o que é necessário.

Evitar como?

Difícil é fazer de conta que não. Difíceis são os desvios. Difícil chamar a atenção, de leve, rotineira, como que por nada, mas querendo marcar tanto.
Difícil é ver de longe, ver que está perto, ver que dá para chegar junto, mas se conter, não se atrever.
Difícil e ruim, ruim e ridículo, ridículo e desnecessário, desnecessário, mas inevitável.
A arrogância sentimental fala tão alto, a arrogância da autodefesa, as feridas do passado abrem e ameaçam infecção.
É como medo de cobra, medo de tubarão. Vira instinto de tanto que se ouve. Vira terror se se passou por isso.
Entretanto, tem a ganância, a alma querendo, salivando, coçando, coçando mais, como em lugar que não se alcança. Chega ao agonizante.
Precisa satisfazer, vai aumentando, tornando-se desespero, loucura, inevitável. Sem querer, se faz, se pega fazendo, já se fez, driblar como?
Inevitável. Difícil é desfazer de conta.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Liberado

Novo e proibido. Pra sifu. Aquilo que você sabe que não pode, que tende a dar errado, não vai pra frente, onde você estava com a cabeça.
Nasceu acéfalo, mas ruidoso. Relampejante, mas duradouro. De fogo pequeno, que pegou gasolina escondido.
Resta apagar, não tem como, diferença demais, hormônios demais de um lado, menos do outro.
Apaga? Nada, Fica pra nova provocação.

Desenvolvidos

É angústia tranquila. De quem só espera, sabe que vai acontecer, que mais cedo, mais tarde, menos do que se pensa, deve dormir.
Deve não tentar nada. Deve permanecer virado, estático de pele, sem transpirar. Pouco ativo de cérebro. acostumado.
Melhor. Melhor para dois, todos. Os envolvidos, os que idealizam, os que jamais imaginariam, os que nem querem saber, os que sabem tanto como é.
Melhor para cada. Sem compromisso. Compromisso apenas com a angústia. Mas a comodidade resolve.

Alpha 22

A nossa verdade é a verdade que reflete os nossos interesses.

Alpha 21

Deus nos livre do moralismo cultural que os "iluminados" do "bom-gosto" querem impor. Morreremos todos com intoxicação por desinfetante.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Alpha 20

Preconceito sempre encontra um alvo para se legitimar. Agora se acha admissível e divertido agredir pessoas que têm gostos mais populares.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Alpha 19

Liberte-se desta corrente de pedantismo que te venderam como se fosse da intelectualidade.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Alpha 18

O problema atual das transições é que elas não param de acontecer. Nem vencemos uma e outra já se impõe.

Alpha 17

O mundo dos diferenciados tem 1% de sofisticação e 99% de pernosticidade. Os integrantes se sustentam no arroto e no blefe.

sábado, 12 de março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

Nada a ver

Ficou olhando. Só desperdício.
Não dá mais. Não.
Agora é ficar naquela de lá e cá. Fazendo de conta que nem lá e nem cá se viram. Representações necessárias e tão dispensáveis.
Mesmo que tenham visto, que tenham percebido, foram só resíduos. Fragmentos do que houve, do que nunca foi avante.
Meros pedaços de pouco, de nada, de aspiração de muito.
Nada mais. Nada menos.
Foi-se. Esqueça-se. Nada mais, nada menos.
Nem tente.
Daqui, tentação nenhuma.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Compelido

Achar que pensa, que está sendo o diferencial. Na verdade, só o integrado, o obediente, o que optou por não destoar.
O compelido.
O que se acha tão elevado, tão acima, melhor. Tudo para se misturar, fazer parte, mesmo desconhecendo, blefando, rindo por rir.
Sem neuras.
Acredite. És um entre vários, entre tantos, diversos, aglutinados. Apenas querendo estar ali, dormir com a consciência de dever cumprido, de que não fez vergonha.
Vergonha, na vera, para o íntimo.
Mas este é detalhe. Dispensável diante do todo.

Alpha 14

Aos compelidos, meus sentimentos. Espero que um dia pensem por si mesmos.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Alpha 13

O que seria dos pernósticos se não houvesse as celebridades? Eles precisam delas para exalar o 'altíssimo poder  de crítica e sofisticação'.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Alpha 11

A falta de ideias próprias é companheira dos que se deixam impregnar por citações alheias e referências bibliográficas.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Obedecendo

Quero. Aí quer? Quer, eu sei.
Faz de conta que não por aí. Por aqui também.
Só delírios. Lá e cá.
Outro dia, de novo, quer por aí. Quero.
Minutos depois... Faz de conta que não por aí. Por aqui também não.
Lá se vai.
Respeitando. Adestrados.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Queima, arde, passa, queima, arde, passa

Inquietar passa longe de chegar junto, de roçar, de caras e bocas. Só os inquietos por inexperiência e desamor grave praticam tais atos, acham-se, perdem-se, desorientam-se, nunca mais voltam.
Inquietar é passar e friccionar ao longe, pelo calor do frio que a vasta distância de 20 centímetros proporciona como nada mais.
É fixar o olhar em um ponto para não derrapar. Mostrar-se indiferente, adverso, direcionado a outro, nada apegado. Virar o rosto rápido para desviar de quem interessa e dispersar no que não interessou.
É mentir. Obrigar-se a não ser verdadeiro. Prender nos dentes o desespero. Dissimular, determina-se a não errar, é distorcer, disfarçar perfeito.
É abafar o cheiro da fraqueza amordaçada. De lábios pétreos, de olhar vítreo, da testa frígida.
É deixar para lá, trazendo, por baixo da mesa, para cá.
Falar para todos falando para um. Olhar o entorno, mas focando, alvejando um ponto.
Recolher, concentrar e conter a loucura espalhafatosa das interrogações inconfessáveis.
Roer-se sem agitar bandeira. Dissolver-se sem um grito, sem um murmúrio, nem sobrancelha movida.
A alma imperceptível e inflexível.
O olhar micro é o maior dos segredos. Se rápido, decisivo. Se longo, a esmo, questionador e calado.
Foi? Não foi. Foi? Não foi?
Se jamais concretizar, se ficar claro alguma vez, num flash, se depois se esvair e toda a atuação voltar, se o esforço esfumaçar num centésimo, faz parte, já marcou de vez. Foi ferro quente.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Alpha 12

O mundo se divide entre presunçosos intelectualoides e presunçosos marrentoides. Só que a cada freada brusca, todos se misturam.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Necessária anestesia

Olhando, olhando e só captando, sem interesse de intervir, de interagir, se meter, opinar, no máximo entender.
No máximo se perguntar, tentar saber, olhando expressões, intenções, ouvindo palavras ditas, tentando interpretar, decifrar, concluir algo.
Chega-se a uma compreensão, a uma sentença.
Mas larga-se de lado meses depois, dias depois, horas depois ou logo ali, na virada da esquina, na próxima cena. No novo desafio. E no novo desafio. E no novo desafio.
E o interesse vai diminuindo, definhando mesmo, passo a passo, muito e muito, até não se querer saber mais, se querer deixar para lá tudo na frente, tudo o que o em volta acha tão determinante.
Anestesia involuntária, que não se pediu, nem sequer se desejou, inclusive, tempos atrás, se rejeitou, se acreditava ser nociva.
Se é nociva, hoje, pouco ou nada importa. Vive-se os dias do tanto faz, do e daí, do quem sabe, do esquece isso.
Investigar pra quê? Supor... que nada! A desistência paira. Companheira, cheia de conselhos rápidos. Eficazes.
Anestesia, por favor!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Alpha 11

Você está dizendo realmente o que acredita ou o que foi adestrado a dizer para se encaixar?

Adão, seu porra!

Pomo de Adão é carga. Fosse nos ombros pesaria menos.
É na garganta. Logo de frente. Ao alcance dos olhos. Ao alcance dos carimbos, das discordâncias.
Responsabilidade nem sempre pedida, nem sempre própria, nem sempre aceita, nem sempre levada com dignidade.
Tem quem ostente, quem disfarce, quem queira se livrar, doído e engasgante que é, prazeroso e detonador, fardo e crachá, me perdoe e olha com quem está falando. Determinante.
Pesado e leve. Cobrança e afirmação. Medalha e deformidade.
Ficou aqui na garganta, não foi, pai?
É para levar sem culpa. No orgulho da testosterona circulante. Meu Y. Para esfregar na cara. Para provar que há o direito a carregá-lo.
Para duvidar. Desafiar quem discorda. Peitar. Duvidar de novo. Por que não posso?
Sei lá... Devo mesmo? Vou sim... Tenho chance?
Impulso e retrocesso. Raiva. Justiça. Desafio. Porrada. Hombridade. Teste a todo momento, um atrás do outro.
Valeu, Adão. Vou para o ringue, o tatame, a rua.
Vou sangrar e estancar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Substâncias

Sem química inorgânica, o ser humano é o ser humano raciocinado.
Com, é o ser humano radicalizado.
A diferença? Experimentar o real e o fictício.
Escolha que lado vai definir como o quê, apostar como o quê ou mixar como o quê. Você é humano também. Reconheça e conheça.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sempre se vai

Vai-se de cara.
Quando nada é muro, nada parece nem batente, corre-se, atira-se, segura-se.
Quando nada se assemelha, mesmo sendo igual, quando tudo é ilusório, pura confiança, pura deturpação.
Tudo é reflexo do que já foi. Mas deturpa-se. Involuntário ou não, nada se quer como perigo. Nada é  revoltante, é longe do degradante, perto do livre.
Rir por rir, agarrar por agarrar, enjeitar por enjeitar.
Beber por beber, lembrar por lembrar, lamentar por lamentar, esfriar por esfriar, deixar de lado por deixar, voltar a pensar por ser impossível não voltar a pensar.
Vai-se de cara. Recolhe-se. Vai-se de novo.
Tropeça-se. Religar. Vai-se de novo.
Recolhe-se. Uma parada longa.
Reflexão. Parada mais longa.
Não. Nunca mais de novo.
Por que não? Porque não.
Parada longa.
Por que não?
Vai-se de novo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

Tempo do inferno

1... 2... 3... 4... 5 anos passaram.
11... 10... 9... 8... 7.. 6... 5... 4... 3... 2... quase um mês. Meses passaram.
Ainda não passou.
Pois é. Fazer o quê? Não pude. Tentei, eu juro. Fiz de conta, até amenizou, ficou mais raro lembrar, dias e dias sem a memória atiçar. É menos ansioso, menos pulsante, só de leve muitas vezes, muitas mesmo.
Mas a contagem do tempo se sabe, não se escapa. Tempo é implacável. Tanto reduz quanto acelera, oscila. Tanto mata quanto ressuscita. Não é por crueldade. É por nada importar. Tempo não sente.
Se fosse sentido, calaria, só observaria, se compadeceria, ajudaria ou, ao menos, se afastaria.
Não gritava tão alto, na boca do ouvido, para estourar o tímpano, quando dá na telha.
Tempo não perdoa, nem condena, e perdoa e condena. Tá nem aí.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Errôneos

Um erro e outro. Mais um. De novo. Mais. Mais. Até aqui. Como pode? Inacreditável.
Um antigo erro agora descoberto. Vários antigos sendo revistos, renovados, lamentados, concertados, contornados, transferidos na covardia, largados no colo mais próximo, mas sempre martelando.
Não passam, não se esquece, não adianta, não tem como.
Amenizam-se uns. Amenizam-se muitos até. Mas não todos.
Um erro lembra outro, que lembra outro, que puxa outro.
Perseguem. Intoleráveis. Incrustados. Até imperceptíveis aos olhos alheios. Mas são cicatrizes aos donos.
Faz-se cara de quem não liga, de qual o problema?, de ser superior.
Fachada.
Lá dentro se sabe.
Lá dentro o outro também sabe, reconhece, também fez, se oculta, acalenta, também comunga com a mesma fleuma. Cúmplice no silêncio de evitar questionamentos, na inflexibilidade humana de se aceitar com verdade, incapazes que somos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Vamos ver no que dá

Insone. Sem qualquer respingo de cansaço. Vai-se levando a noite na culpa. Com o remorso ponteando aqui e ali.
Devia tentar adormecer. Devia se recolher, se aninhar, ir para debaixo do lençol. Daria certo?
A verdade, a situação real, é mais forte. Sono zero.
Vá não.
Fique curtindo leseiras. Vídeos sem noção.
Só na interação. Faz de conta que estão falando de mim nas letras das múscias.
Faz de conta que sou o centro do universo.
Tudo foi composto para mim.
Lapada pela manhã.

domingo, 9 de janeiro de 2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

Alpha 7

A covardia blasé é risível.

Adentro do claro-escuro

Madrugada não é fácil. Ir adentro fica para os acima da neutralidade, da covardia, da coragem, que se alimentam de expectativas, nunca desistem, ralam-se no final, no sol raiando, na luz revelando marcas antes invisíveis, dispensáveis.
Portadores de mertiolate natural, produzido pelo próprio corpo, lambem as feridas, aplicam o medicamento e se recolhem.
No casulo, ainda rescusam-se a desmaiar direto, cheios de estimulantes de bolso, solitários ou passados de mão em mão, se aguentam, não desistem, ilusionistas, iludidos, capengam, horas, horas e horas, suportam.
Não dá mais. Não dá mesmo? Não.
É queda. Lona. Nocaute. Sem direito à contagem regressiva, juiz, público, aplauso, vaia. Nem fazem questão.
Erguem-se quando é para se erguer, como podem. Água fria e reestruturação forçada.
Outras luzes agora.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Verme

Desconfiança é verme sem tamanho definido. Sem atuação precisa. Que se faz presente aqui e ali. Desaparece por isto e por aquilo. Volta. Some. Se esconde. Vai e vem.
Imortal.
Alimenta-se de sentimentos. Bons ou maus.
Se vai tudo bem, ele surge, morde com pouca força, suga devagar, incomoda leve, arranhando e assoprando.
Se vai mal, aproveita para mostrar força, robustez, esparramando-se pelo corpo todo, latejando pesado, em várias direções, em impensáveis momentos, causando inesperadas reações.
Verme grande e pequeno, depende do alimento encontrado, se o sentimento é demasiado ou medíocre, ou os dois, ou nenhum.
Até se inexiste algo para comer, o bicho dá um jeito. Hiberna, cristaliza, encasula-se.
Revive quando o ecossistema se faz habitável.

Alpha 6

O conceito do que é charme e personalidade mudou. Agora ambos são sinônimos de pernosticidade e pedantismo.