quarta-feira, 29 de junho de 2011

Recuar agora

Mas logo agora...
Logo quando estava tomando coragem, quando a névoa gelada, daquele frio de manter estacionado, que virou de chumbo, seca, pesada e sufocante, tóxica, estava virando vapor e mornando aconchegante, se desfazendo, dando para visualizar.
Logo quando dissipava. O pavor passou a medo, que passou a receio, que arrefeceu o ultimato do vou nada, que amenizou para um talvez, para finalmente ser eu posso, até que dá, vou, vamos lá.
Logo quando as noites em angústia passaram só a ansiedade, quando a palpitação vinha a cada sinal de presença, de reencontro, e tudo girava em volta de um será que vem? Que o alívio e a tensão se confundiam, misturando-se sem se deixar reconhecerem-se mais, em um Eita! Chegou!
Logo agora...
Por que agora não mais? Por que agora parece que a névoa gelada está aí?
Deve ser o chumbo, que envenenou, que matou, que deixou sequelas, que não mais vai deixar o organismo.
Vai tudo retroceder, vai tudo se infectar, inflamar, doer só de olhar. De novo.
De novo para o velho, para os anticorpos, a autodefesa. Bem longe do agora.

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